segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Sabino Guimarães Coêlho (parte 1)

Esta matéria sobre o meu avô, Sabino Guimarães Coêlho, foi escrita pelo professor Francelino Soares para o site Coisas de Cajazeiras.

Peço licença para reproduzi-la aqui, da forma como foi escrita! Dessa forma, as gerações que o conheceram, relembrarão as conversas com ele, bem como as gerações mais novas, que não o conheceram, terão a oportunidade de saber quem foi esse grande homem!

FRANCELINO SOARES 12/11/2017

Nessa terça-feira, dia 7 de novembro, completaram-se exatamente cem anos da Revolução Bolchevique de 1917, que levou às ruas de Moscou e da antiga San Petersburg os mais horrendos crimes contra a população russa, cujos acontecimentos culminaram, posteriormente, com a morte de toda a família imperial da dinastia Romanov: o último czar Nicolau, a czarina Alexandra e os cinco filhos: Olga, Tatiana, Maria, Anastácia e Alexei, todos impiedosamente fuzilados na Casa Ipatiev, na cidade de Ekaterinburg, nos Urais, em 16 de julho de 1918.

Aqui, em Cajazeiras, o nosso perfilado de hoje, conhecido popularmente pela garotada como Sabino da Barbona, e como Sabino Barbudo pelos amigos e parentes, alcunha esta usada para distingui-lo do seu primo Sabino Cabeção, como era chamado pelos familiares o insigne médico Dr. Sabino Rolim Guimarães, seu primo. Nascido de tradicionais famílias cajazeirenses – Guimarães / Coêlho – Sabino era conhecido também como o Comunista.

Nasceu em 1913, em casa residencial dos seus pais, o conhecido prof. Crispim e Maria Guimarães Coêlho, situada na Praça João Pessoa, em imóvel que, anos depois, serviu de consultório do Dr. Sabino, seu primo, oftalmologista e otorrinolaringologista, que prestou à nossa comunidade os mais imensuráveis serviços. Sabino, desde criança, cultivou o saudável hábito da leitura, direcionando-a, sobretudo, para obras de cunho social.

Originário de família, para a época, considerada abastada, e espelhando-se na convivência pacífica e harmoniosa do seu pai com aqueles que lhe eram subalternos, via nestes a força do trabalho e sonhava com um nível de igualdade (burguesia x proletariado), fruto de sua vivência infanto-juvenil, o que o fez tornar-se seletivo em suas leituras.

Assim é que, dentre os primeiros livros que manuseou, estavam lá “O Capital”, de Karl Marx (1867) e, do parceiro filosófico e doutrinário deste, Friedrich Engels, coautores de obras, como “Manifesto do Partido Comunista” (1848), e este último, autor de “A Situação da Classe Trabalhista na Inglaterra” (1845), ambos teóricos revolucionários alemães, considerados os fundadores do socialismo científico, modus vivendi depois conhecido como marxismo. Ambos são tidos e havidos como teóricos de um processo revolucionário que se iniciou na Alemanha. Ao lado dessas obras de cunho cientifico, o nosso retratado conheceu obras de Vladimir Ilitch Ulianov Lênin e de autores que professavam os mesmos créditos e anseios de uma política doutrinária socialista.

Do matrimônio de Sabino Barbudo com a sousense Maria Emília Coêlho, nasceram os seus filhos, batizados, sobretudo os filhos homens, com nomes com os quais procurou reverenciar os seus admirados pensadores: Karl Marx, técnico em refrigeração (in memoriam); Ivone (in memoriam); Máximo Gorki, psicólogo, ex-comandante da extinta VARIG; José Miaja (homenagem ao militar espanhol, figura chave nos acontecimentos ligados à Guerra Civil Espanhola), economista, ex-funcionário da SUDENE, para onde foi levado a convite do economista paraibano Celso Furtado; Vilma, beletrista, com domínio das línguas francesa, alemã, italiana, espanhola e, evidentemente, vernácula, viúva do nosso estimado amigo Waldênio Derville Araruna;  Zélia Maria, hoje residente em Portugal.

Ao lado de devoção por obras de cunho socialista, Sabino, quando criança, exerceu a atividade de “coroinha” ou acólito nas celebrações do seu tio Mons. Sabino Coêlho, em cuja casa passou a residir quando, na Capital, veio estudar no tradicional Lyceu Paraibano, depois de aprender as “primeiras letras” com o seu pai, o prof. Crispim. Estudou também nos Colégios PIO X/Marista, em João Pessoa, e Leão XIII, no Recife, educandários de orientação religiosa.

Dentre os vários amigos que conquistou, durante sua vida escolar, um merece destaque: o futuro deputado federal, socialista e escritor José Joffily que, rememoram os familiares, o presentou, quando de sua formatura colegial, com um relógio que ele, Joffily, havia trazido da Rússia.

Como prova do seu respeito pelas coisas e pela formação religiosa, Sabino colocou as suas filhas para estudarem no Colégio Cristo Rei, em Patos e no Nossa Senhora de Lourdes, em Cajazeiras, e os filhos foram confiados ao seu parente padre Vieira, no tradicional Colégio Diocesano de Patos, de onde se transferiram para o Americano Batista, seguindo os passos do pai. Tanto é assim que, em Cajazeiras, sempre conviveu, respeitou e foi respeitado pelas autoridades eclesiásticas, independentemente dos seus vínculos familiares (Dom Moisés, Mons. Sabino Coêlho, entre outros).

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