sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

William Shakespeare

Soneto 18 

Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:

Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.

William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradução de Carlos de Oliveira

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