Poucas vezes, em minha vida, eu vi uma mãe sofrer calada e de forma tão intensa, tanto que a dor que ela sentia estava estampada em seus olhos, que não possuíam, mais, a
vivacidade de outrora...
Kátia é uma costureira e, junto com uma tia 'amigona',
faz pequenos consertos e ajustes em roupas, em um pequeno box perto da minha
residência... A alegria era carro-chefe do dia a dia daquelas mulheres que ganham a vida batalhando com honestidade e dignidade...
Hoje, depois de quase dois anos 'sumida', reapareci para diminuir
o comprimento das calças, já que minha estatura é insignificante! solicitar
pequenos consertos e, antes mesmo que eu pudesse vê-la, ela já havia
reconhecido a minha voz!!! ;)
Mas notei que a voz de Kátia não era mesma... Enquanto o seu pequeno
filho brincava, ela guardava as roupas que deveriam ser consertadas nos nichos corretos e,
antes de me dizer algo, fui logo perguntando alegremente pelas novidades... Estranhei a
demora na resposta mas, aos poucos, notei que a sua voz – antes super alegre – estava embargada e
ela disse, devagarzinho: “Tanta coisa ruim aconteceu este ano”...
Bom... Eu havia iniciado o assunto e, como não sei
fazer de conta que não estou entendendo algo, perguntei se poderia ajudar...
Ela respondeu, quase sem voz: “Perdi a minha filha em fevereiro”...
Nossa, o chão sumiu... E relembrei que, em algumas das poucas
vezes em que lá estive ela me falou sobre a pequena Emily (quase minha xará) e, agora, fico sabendo que a criança faleceu aos oito anos de
idade, sem ter o necessário atendimento médico!!!
E pensei: “Meu Deus, o que digo à essa mãe, tão
cheia de dor e saudades"???
Decidi dizer apenas que Emily havia virado a estrelinha mais brilhante que ela veria todos os dias no céu, que a saudade, um dia, iria ser substituída por alguma conformação e, com os olhos marejados, dei uma abraço solidário naquela moça que tantas vezes me fez rir e que, naquele momento, não era nem sombra do que fora...
Decidi dizer apenas que Emily havia virado a estrelinha mais brilhante que ela veria todos os dias no céu, que a saudade, um dia, iria ser substituída por alguma conformação e, com os olhos marejados, dei uma abraço solidário naquela moça que tantas vezes me fez rir e que, naquele momento, não era nem sombra do que fora...
Que Deus te dê forças para enfrentar o dia a dia
sem a tua pequena filha, Kátia, porque Emily sempre será a tua filha linda que
virou uma estrelinha para iluminar as tuas longas e escuras noites!!!
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